Divulgação
Rafa cresceu na Baixada Glicério,
região central de São Paulo, e desde criança teve contato com o
crime. Gostou do que viu nas ruas e becos do bairro, e abraçou a correria.
Depois de cometer alguns assaltos e quase ser morto pela
polícia, porém, resolveu correr menos riscos e ganhar mais dinheiro.
Tornou-se, então, um “raul” — gíria da quebrada para se
referir aos criminosos que aplicam golpes de cartão dentro das agências
bancárias.
Enquanto enganava clientes na fila do caixa eletrônico,
aprimorando suas técnicas conforme os bancos reforçavam os mecanismos de
segurança, Rafa acompanhou o surgimento de vários rappers e cantou
cada novo hit internacional na frente da tevê, sem nunca perder a
vontade de subir no palco. Um a um, Mc Hammer, 2Pac, Snoop Dogg e Dr.
Dree estouraram nas paradas de sucesso; depois de ser preso
várias vezes, casar e ter um filho, Rafa passou a cantar em rodas de
samba.
Então vieram as composições. Ao contrário de canções
denunciando a realidade da periferia e a desigualdade social do
país, tônica dos raps brasileiros até então, as letras de Rafa
falavam de festas, mulheres, riqueza, sonhos, vida boa. Pegou gosto
pelo microfone. Com a ajuda do amigo de um conhecido, Rafa gravou um
disco. Surgiram oportunidades de se apresentar aqui e ali. E o
criminoso foi pouco a pouco trocando os golpes bancários pela música.
Quando já havia abandonado os cartões magnéticos, que naquele tempo
ainda nem tinham chip, a estrela ascendente do rap
nacional foi
confrontada com alguns desafios da indústria fonográfica e do show business.
Então, tudo mudou. A partir de longas entrevistas com
Rafa, que aqui aparece com nome fictício, o Paulista Alexandre De
Maio, em seu primeiro livro individual reconstrói a trajetória de
um garoto humilde que escolheu viver a vida loka do crime sem jamais abandonar
o sonho de ser famoso.
Mas Raul (Editora Elefante –
180 páginas – R$: 40,00) não trata apenas da ascensão e queda
de um artista. Ao longo da narrativa, ficamos conhecendo várias
modalidades de golpes de cartão praticadas no país — um tipo de crime
quase invisível — e sua evolução ao longo do tempo. Um
livro-reportagem em quadrinhos como existem poucos no Brasil.
Sobre o Press Release. Visto no https://zinebrasil.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário