Exposição propõe um mergulho nas ancestralidades, corpos e resistências LGBTQIA+ da Amazônia, reafirmando o papel da arte como ferramenta de memória, cura e visibilidade
São Paulo, novembro de 2025 — O Museu da Diversidade Sexual (MDS) apresenta a nova exposição “Tybyras: Caminhos de uma Amazônia Queer”, do artista visual Henrique Montagne, que convida o público a percorrer um território onde floresta, corpo e identidade se entrelaçam em múltiplas narrativas. A mostra propõe reflexões sobre gênero, sexualidade e ancestralidade indígena e cabocla, revelando as camadas de resistência que habitam a Amazônia contemporânea. A exposição poderá ser visitada gratuitamente a partir de 14 de novembro (sexta-feira), de terça a domingo, das 10h às 18h, com ingressos disponíveis na plataforma Sympla e na bilheteria do MDS.
Inspirada na trajetória de Tibira do Maranhão, considerado o primeiro indígena Tupinambá assassinado por expressar uma identidade de gênero e sexualidade não normativa, a exposição reconstrói, por meio de desenhos, textos e fotografias, um passado silenciado pela colonização e projeta um futuro em que justiça social e justiça climática caminham lado a lado. Criada a partir de vivências em territórios ancestrais da Amazônia Paraense, como Belém, Ilha do Marajó, Carajás e Tapajós, a mostra nasce do encontro entre corpo, memória e território. As obras emergem das trocas com pessoas LGBTQIA+ indígenas, mestiças e caboclas, cujas histórias ecoam como gestos de resistência, afeto e pertencimento.
Nas salas expositivas, fotografias em grande formato, desenhos em grafite e textos poéticos revelam um universo onde corpo e floresta se entrelaçam, afirmando que natureza e humanidade são parte de uma mesma existência: múltipla, viva e profundamente interligada. Ao se debruçar sobre essa memória, Henrique Montagne evoca um território coletivo onde a floresta é viva, queer e múltipla. “Tybyras é um gesto político e poético. Falar da Amazônia queer é falar de sobrevivência, de afetos e da urgência de existir em meio à tentativa constante de apagamento. Essa exposição é também um aldeamento afetivo, construído a muitas mãos, entre corpos e territórios que resistem e florescem”, afirma o Artista-Curador.
Já o Museu da Diversidade Sexual reforça que a mostra surge em um momento simbólico, no qual o mundo volta os olhos para a Amazônia, às vésperas da COP 30, sediada em Belém. Para a instituição, a exposição amplia o debate sobre diversidade e meio ambiente, destacando o papel das comunidades LGBTQIA+ amazônidas na construção de futuros mais justos e sustentáveis. “Ao trazer ‘Tybyras’ para o MDS, reafirmamos nosso compromisso com a visibilidade das múltiplas identidades que compõem o Brasil. Essa exposição amplia o diálogo entre arte, memória e direitos humanos, ao mesmo tempo em que provoca uma reflexão urgente sobre a relação entre diversidade e preservação da vida em todas as suas formas”, destaca Beatriz Oliveira, gerente de conteúdo do Museu da Diversidade Sexual.
O percurso expositivo convida o visitante a atravessar essas camadas de memória, da dor colonial à cura coletiva, evocando uma Amazônia que resiste por meio da arte e da diversidade.
Serviço
Exposição: “Tybyras: Caminhos de uma Amazônia Queer”
Exibição: A partir de 14 de novembro
Local: Museu da Diversidade Sexual (Metrô República - Saída Arouche - Praça da República, 299 - República, São Paulo - SP)
Horário: De terça a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: Gratuitos, na bilheteria do MDS e na plataforma Sympla
Sobre o Museu da Diversidade Sexual
O Museu da Diversidade Sexual de São Paulo, é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, destinada à memória, arte, cultura, acolhimento, valorização da vida, agenciamento e desenvolvimento de pesquisas envolvendo a comunidade LGBTQIA+ - contemplando a diversidade de siglas que constroem hoje o MDS – e seu reconhecimento pela sociedade brasileira. Trata-se de um museu que nasce e vive a partir do diálogo com movimentos sociais LGBTQIA+, se propõe a discutir a diversidade sexual e de gênero e tem, em sua trajetória, a luta pela dignidade humana e promoção por direitos, atuando como um aparelho cultural para fins de transformação social.
Sobre Henrique Montagne
Henrique Montagne é Adríson Figueira, um artista visual mestiço criado na periferia do Jurunas em Belém, Pará. Em seu trabalho artístico caminha a partir de um universo das vivências de corpos queer, homossexuais e LGBTQ+ brasileiros. Evidenciando narrativas destas vivências de forma poética e política. Trazendo assim reflexões sobre os papéis de gênero, masculinidades dissidentes, sexualidade, relações amorosas homossexuais, solidão e a cultura queer. Seu trabalho é multimídia e atravessa diversas linguagens, desde as novas medias à linguagens tradicionais, tendo como base práticas do desenho, fotografia, performance, instalação, site specific e o texto inserido nas artes visuais, criando uma identidade com uso do monocromático e de cores noturnas. Participou de exposições no Brasil, Portugal, Estados Unidos e Grécia.

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