Com 23 mesas e mais de 300 participantes, evento se consolida como fórum estratégico para debater a cadeia do livro no Brasil
Com a participação de mais de 300 profissionais do setor, 9 expositores, 18 patrocinadores, 23 mesas e um total de 67 palestrantes, incluindo dois convidados internacionais, a 4ª edição do Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos confirmou-se como um dos principais fóruns estratégicos da cadeia do livro no Brasil. Realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), no Guarujá (SP), o evento chegou ao terceiro dia reunindo debates sobre inovação, aquisições editoriais, fortalecimento de autores nacionais, práticas de ESG e as perspectivas do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).
“Os resultados desta edição mostram a força do nosso setor quando se reúne para trocar experiências e pensar o futuro em conjunto. Reunir mais de 300 profissionais, dezenas de mesas de debate e nomes nacionais e internacionais é a prova de que o Encontro se consolidou como um espaço estratégico para fortalecer a cadeia do livro e apontar caminhos para os próximos anos”, afirma Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Entre os destaques dos dias 21 e 22 de agosto esteve a participação do americano Andy Hunter, fundador e CEO da Bookshop.org, entrevistado pela jornalista Raquel Cozer. Hunter reforçou o propósito da plataforma de apoiar livrarias independentes, afirmando que não busca competir com a Amazon, mas garantir que os leitores tenham acesso aos livros. Segundo ele, a experiência de frequentar livrarias na infância marca os leitores e deve ser preservada, ainda que isso represente abrir mão de alguns dólares a mais. O executivo também revelou planos de internacionalização e destacou a meta de expandir a atuação da Bookshop com ebooks e audiobooks no Brasil.
Na sequência, a mesa “Como escolher um livro: bastidores das aquisições e tendências no mercado editorial”, mediada por Rodrigo Casarin (Página Cinco/UOL), reuniu Florência Ferrari (Ubu Editora), Yasmin Santos (Companhia das Letras), Tamires Von Atzingen (VR Editora) e Rosely Boschini (Editora Gente). Boschini destacou que o foco deve estar sempre no leitor, observando dores, alegrias e tendências, como a crescente relevância da saúde mental. Yasmin Santos defendeu a importância de olhar mais de perto para os debates da América Latina e apontou o redescobrimento dos clássicos como movimento relevante. Já Tamires Von Atzingen ressaltou a necessidade de conhecer profundamente o público-alvo, utilizando as observações nas redes sociais como ferramenta para identificar oportunidades, enquanto Florência Ferrari destacou que sustentabilidade, mudanças climáticas, feminismo e inteligência artificial continuarão entre os principais temas do setor.
Ainda no dia 21, a mesa “Do Original à Publicação” trouxe Diana Passy, curadora da Arena Cultural da Bienal Internacional do Livro de SP, que abordou o fortalecimento de autores nacionais. Para ela, comunidades literárias representam um diferencial competitivo, já que funcionam como ecossistemas que aproximam autores e leitores. Mais do que apostar em grandes influenciadores, o segredo está em entender e dialogar com a comunidade certa. À tarde, o debate voltou-se às políticas públicas com a mesa “PNLL: Desafios e Perspectivas para o Setor Editorial”, que contou com Hubert Alquéres (CBL), Mara Cortez (Cortez Editora e Livraria), Luís Antonio Torelli (Trilha Educacional Editora) e Sevani Matos (presidente da CBL). Alquéres ressaltou a necessidade de linhas de crédito e editais de fomento específicos para as livrarias, a exemplo do que acontece com os teatros. Torelli defendeu a aprovação da Lei Cortez e a transformação do PNLL em política de Estado, lembrando que o mercado não pode ignorar a perda de mais de 4 milhões de leitores. Sevani Matos reforçou a responsabilidade das editoras no abastecimento de programas de leitura, defendendo a bibliodiversidade como essencial para garantir diversidade e qualidade ao público, enquanto Mara Cortez destacou que os incentivos beneficiam não apenas as livrarias, mas toda a cultura nacional.
Na mesa “Ideias que Saíram da Gaveta: Iniciativas que Transformaram Catálogos, Leitores e Resultados”, mediada por André Luís Silvestre Cafu (Global Editora), Monica Carvalho (Livraria da Tarde) ressaltou a força das parcerias, como a feira realizada na Rua Rocha, em parceria com a Livraria Simples. Ramir Severiano (Vitrola) compartilhou os desafios de ampliar a presença do livro em espaços não convencionais, como supermercados, lembrando que além de paixão é preciso rentabilidade. Cecilia Arbolave (Lote 42, Banca Tatuí e Sala Tatuí) apontou como obstáculos podem se transformar em oportunidades e destacou o papel da impressão sob demanda, inexistente há dez anos, na democratização das publicações. Já Wellington Rehder (Gráfica Viena) defendeu a busca constante por inovação como forma de ajudar os clientes a produzirem livros melhores com menos recursos, mantendo qualidade e viabilidade econômica.
O último dia do encontro abriu com a mesa “Editando o Futuro: Selos, Estratégias e Novos Públicos”, com Rafaella Machado (Galera Record e Verus Editora) e mediação de Maria Fernanda Rodrigues (O Estado de S. Paulo). Rafaella destacou o protagonismo do público jovem adulto, que vai além da faixa etária, e reforçou a importância das livrarias como espaços de encontro e experiência, oferecendo algo que o ambiente online não é capaz de replicar. A programação encerrou-se com debates sobre uso de dados no mercado editorial, responsabilidade ESG, leitores digitais e aspectos legais da inteligência artificial, reunindo nomes como Nelson Naspitz (Sextante), Daniel Rodrigues (Livraria Leitura), Marcus Nakagawa (Abraps), Thereza Castro (Citadel Grupo Editorial), Luciano Monteiro (CBL), Adriana Alcântara (Audible) e Maria Luiza de Freitas Valle Egea (Freitas Valle Egea Advogados Associados).
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