Cumbe no Eisner 2018
Sobre o resultado da premiação do Eisner
Awards 2018: Cumbe (Run for it) levou o prêmio como melhor edição estrangeira
pela Fantagraphics! O livro foi publicado pela primeira vez no Brasil em 2014
pela editora Veneta. Esse lançamento foi um momento de inflexão total na minha
trajetória. Na época, pensava seriamente se continuava a produzir e publicar do
mesmo modo. Apesar das críticas positivas, meus livros anteriores não tinham chegado
a um público muito amplo. Cumbe rompeu todas as expectativas. Não apenas pela
premiação atual, mas por ter tido uma ótima recepção pelo público em diversos
locais.
A obra Cumbe é parte do momento singular
do quadrinho nacional, representado por inúmeros autores com uma excelente
produção. Já houve outros brasileiros premiados com o Eisner e, nessa toada,
certamente ainda teremos mais obras reconhecidas nacional e internacionalmente.
Cabe ainda lembrar: o livro obteve o apoio do Proac em 2013. O incentivo
público à formação e produção do profissional é parte essencial do processo de
criação de quadrinhos e do surgimento de novos autores e narrativas.
Cumbe (do quimbundo, sol, luz e força)
trata do período colonial no Brasil do século XVII. Obra desenvolvida
concomitantemente com o Angola Janga – Uma história de Palmares (livro
agraciado pelo Prêmio Grampo 2018). Aborda conflitos, dramas, esperanças e
sonhos de escravizados trazidos dos antigos reinos de Angola e Congo. As marcas
de cada um desses africanos estão presentes em nossa história e cotidiano.
Ainda lutamos pelo reconhecimento simbólico, cultural, econômico e político no
Brasil (dos remanescentes quilombolas, dos territórios indígenas e do simples
direito a vida de cada jovem de periferia). Os quadrinhos, a literatura, as
artes são componentes essenciais para uma mudança estrutural.
Valeu cada uma das longas caminhadas até
as bancas de jornal lá em São Matheus, SP, ao lado do meu irmão, onde
comprávamos quadrinhos. Valeu o apoio dos familiares, a minha companheira
Brisa, aos amigos e mestres, desde a ETE Carlos de Campos, passando pelo Núcleo
de Consciência Negra da USP até a Universidade. Valeu muito a pequena lousa
verde de giz, presente antigo da D. Alaide, onde fiz meus primeiros traços. Agradeço
pelo espaço nas publicações Quadreca, Front, Graffiti, Ragu, entre outros
trabalhos editoriais com ilustração – oportunidades fundamentais para o
amadurecimento de qualquer artista gráfico e quadrinista.
Obrigado pelo apreço
dos leitores em indicar e emprestar o livro para mais leitores. Esta obra se
completa com o olhar e leitura de vocês. Gratidão também a todos os
profissionais envolvidos na edição, publicação e divulgação do livro pelo
Brasil e pelo mundo, em especial ao Rogério de Campos (Veneta), Andrea
Rosenberg (tradutora) e a Alessandra Sternfeld (agente literária).
Axé,
Marcelo D'Salete
Marcelo D'Salete
http://www.comicsbeat.com/sdcc-18-live-at-the-2018-eisner-awards/
https://www.comic-con.org/awards/2018-eisner-awards-nominations
https://www.saraiva.com.br/
https://www.amazon.com.br/
https://www.comic-con.org/awards/2018-eisner-awards-nominations
https://www.saraiva.com.br/
https://www.amazon.com.br/
Release
Nenhum comentário:
Postar um comentário