Editora: Devir – Edição
especial
Autores: Laudo Ferreira (roteiro e
arte) e Omar Viñole (cores).
Preço: R$ 34,90
Número de páginas: 64
Data de lançamento: Outubro de
2016
Sinopse
Psiconauta significa “navegador da
mente”, uma pessoa que usa estados alterados da consciência para encontrar
respostas para questões espirituais e pessoais. É dentro deste princípio, por
meio de práticas xamânicas, que Miguel busca sua cura pessoal.
Ele revisita sua vida desde a infância
até a maturidade, passando por situações adversas, como crise profissional e
pessoal, envolvimento com drogas e o encontro com a arte, tudo permeado pela
busca de um entendimento com a figura paterna.
Positivo/Negativo
Ao observar as feições do protagonista
deste álbum, pode-se comparar com a foto que fica ao lado do resumo biográfico
de Laudo Ferreira, na última página. Tirando o nome do personagem, Miguel, e
sendo fortalecido pelo prefácio do quadrinhista André Diniz, sabe-se que essa
breve história tem uma aproximação com a realidade, nas devidas proporções referentes
à vida do autor.
Sem a intenção de querer adivinhar o que
é ou não biográfico de fato, o personagem/autor busca um acerto de contas com o
passado construído por um pai que prefere passar “afeto” de modo distante e
severo. Quando Miguel tinha dez anos e sonhava ter um boneco barbudo, no estilo
Falcon, seu pai já o criticava duramente por esses desejos naturais de criança.
Diante do silêncio de passividade da mãe,
esse brinquedo ganha um simbolismo igual à grande árvore que o personagem
encontra numa andança depois dos rituais xamânicos encorajados pela esposa.
Esse escaneamento espiritual herdado
pelos povos indígenas ganha dimensões dickenianas na vida de
Miguel e seus “assuntos pendentes”, iluminando o caminho da compreensão e
perdão em forma de um ciclo. Afinal, a educação passada de pai para filho se dá
em como uma é percebida pela outra e em como é repassada para a nova geração.
Simples e direto, Cadernos de
Viagem faz transparecer a honestidade citada por André Diniz na
introdução. Inclusive, de certa forma, o amigo que assina o prefácio também fez
uma obra terapêutica semelhante, na qual revisita não só a infância, como
também outras encarnações em 7 Vidas(lançado pela Conrad,
em 2009), HQ com arte do Antonio Eder.
Cadernos de viagem foi um dos
selecionados no ProAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São
Paulo de 2015. A edição da Devir tem formato 17 x 26
cm e capa cartonada, sem orelhas.
Com um traço bem mais solto do que o
visto em Yeshuah,
os desenhos ganham densidade nas fortes e vibrantes cores (ajudadas pelo papel couché)
do parceiro Omar Viñole, que dialogam com o clima das reminiscências de Laudo.
No tocante de Yeshuah, também
existe uma conversação – a seu modo – entre os trabalhos. Não de forma
doutrinária ou partidária, mas na lente espiritual para um caminho do
crescimento do indivíduo. Percebe-se a intenção do quadrinhista em documentar
seu testemunho, não persuadir o leitor a concordar ou aceitar seus meios para a
investigação imaterial.
Dentre as passagens interessantes e
curiosas do relato, há um aviso do prazo de entrega do próprio Cadernos
de viagem no quadro do estúdio de Miguel e a reflexão sobre o conceito
que tudo do nosso mundo físico tenha que passar pelo filtro emotivo da nossa
mente.
Assim, as barreiras da ficção e realidade
podem ser simplesmente ignoradas nesse recorte biográfico. São realmente
anotações de um psiconauta. Fonte: UniversoHQ.
EMT - Divulgação
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