Escrita por Lia d’Assis, a obra Janelas
Abertas propõe diversas reflexões, dentre elas o limite tênue entre
amor e violência.
Dados de dezembro do ano passado dão
conta de que 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em
relacionamentos. Informações como essas comprovam os altos índices de
naturalização da violência. Embora muitos avanços tenham sido conquistados com
a implantação da Lei Maria da Penha, em 2006, o panorama da violência doméstica
ainda é desanimador. Foi guiada pelo tema, mais especificamente por relatos de
mulheres que sofreram na pele tal agressão, que a escritora Lia d’Assis, no
mesmo ano que a lei entrou em vigor, deu vida a história retratada na novela
infanto juvenil Janelas Abertas.
Publicada pela Adonis, o lançamento da
obra acontece no próximo domingo, dia 08 de março, data que o mundo se volta às
questões da violência contra a mulher. Um bate-papo da escritora com os
participantes do projeto Leitura com Pipoca, no quiosque Gostinho de
Leitura no próximo domingo, às 10h, em Americana/SP marcará a chegada da obra
nas estantes.
Ambientada na cidade de Campinas, onde a
escritora reside, a trama Janelas Abertas apresenta ao leitor
a história da adolescente Jéssica, que mora com a mãe, a empregada doméstica
Jacira, em um quarto apertado de um luxuoso apartamento. A protagonista não revela
a ninguém a profissão da mãe, muito menos o fato de morarem com a patroa,
situação que a envergonha. Motivada pelas aulas de português, Jéssica começa a
escrever suas memórias em um diário. Muitos segredos são revelados nas páginas
da obra, uma delas é o passado de violência e opressão que envolve a mãe da
menina.
“Lembro-me que em 2006 criei a personagem
Jéssica, que começou a escrever um diário. Aos poucos, essa personagem se
misturou com histórias presenciadas e vividas por várias mulheres – todas
empregadas domésticas – que me relataram situações de humilhação, opressão e
também superação. Jéssica e Jacira, são personagens ficcionais de uma história
inspirada em um fato verídico. O Janelas Abertas é uma espécie
de ‘verdade inventada’”, revela Lia d’Assis. Sobre o tema abordado na obra, a
escritora é convicta em dizer que abordar o assunto não era condição inicial em
fazer o livro, mas o tema acabou por se misturar com a história que era
contada. “As mulheres sempre foram vitimas da violência velada dentro de casa.
Escrever esse livro foi a forma que eu encontrei de conviver com histórias de
violência que muitas mulheres compartilharam comigo. O silêncio de tantas
mulheres agredidas é a sua condenação. Precisamos falar porque o que não é
nomeado não existe. A naturalização da violência contra mulher está no cerne da
sua continuidade. Quando eu naturalizo um comportamento então ele não é visto
mais como criminoso, que merece ser combatido”, enfatiza Lia.
A narrativa proposta por Lia d’Assis
entrelaça a história da mulher e da violência, elevando a voz de muitas meninas
que analisam a condição de suas avós e mães e se recusam a continuar um ciclo
vicioso de miséria, opressão e violência. Sem didatismo, a escritora coloca no
próprio leitor a responsabilidade de construir suas opiniões e juízos de valor,
favorecendo diferentes olhares. E sobretudo, provocando o leitor a refletir
sobre os limites, tênues, entre opinião, preconceito, amor e violência.
“Tenho percebido que o público jovem hoje
tem duas opções de leitura, o livro paradidático, que está muito atrelado às
atividades escolares, e a literatura de fantasia, que geralmente é estrangeira.
Hoje os conflitos em geral estão sendo apagados das narrativas, como se
tivéssemos que superproteger nossos jovens de alguns fatos da vida. A
literatura precisa falar daquilo que nos move, daquilo que causa as
inquietações. A literatura precisa abrir as janelas da perplexidade do leitor.
Se eu leio um livro que não me chacoalha nem um pouquinho ou me traz alguma
reflexão sobre a diversidade do mundo não faz sentido. O Janelas
Abertas mostra ao leitor essas diferentes visões com uma temática que
raramente aparece nessa literatura juvenil que está disponível para os jovens
hoje”, sintetiza a escritora.
O livro já pode ser adquirido nas
principais livrarias do país, entre elas, na Gostinho de Leitura (no site da
loja http://www.gostinhodeleitura.com.br/ ou
no quiosque que fica no Zoo). O livro foi lançado exclusivamente no formato
digital em setembro do ano passado.
Lançamento Janelas Abertas
Dia 08 de março, às 10h, no quiosque Gostinho
de Leitura
Av. Brasil, 2525 – Zoo de Americana. EMT - Divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário