quinta-feira, 5 de março de 2015

Lançamento infantojuvenil da Adonis destaca violência doméstica

Escrita por Lia d’Assis, a obra Janelas Abertas propõe diversas reflexões, dentre elas o limite tênue entre amor e violência.
Dados de dezembro do ano passado dão conta de que 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos. Informações como essas comprovam os altos índices de naturalização da violência. Embora muitos avanços tenham sido conquistados com a implantação da Lei Maria da Penha, em 2006, o panorama da violência doméstica ainda é desanimador. Foi guiada pelo tema, mais especificamente por relatos de mulheres que sofreram na pele tal agressão, que a escritora Lia d’Assis, no mesmo ano que a lei entrou em vigor, deu vida a história retratada na novela infanto juvenil  Janelas Abertas.
Publicada pela Adonis, o lançamento da obra acontece no próximo domingo, dia 08 de março, data que o mundo se volta às questões da violência contra a mulher. Um bate-papo da escritora com os participantes do projeto Leitura com Pipoca, no quiosque Gostinho de Leitura no próximo domingo, às 10h, em Americana/SP marcará a chegada da obra nas estantes.
Ambientada na cidade de Campinas, onde a escritora reside, a trama Janelas Abertas apresenta ao leitor a história da adolescente Jéssica, que mora com a mãe, a empregada doméstica Jacira, em um quarto apertado de um luxuoso apartamento. A protagonista não revela a ninguém a profissão da mãe, muito menos o fato de morarem com a patroa, situação que a envergonha. Motivada pelas aulas de português, Jéssica começa a escrever suas memórias em um diário. Muitos segredos são revelados nas páginas da obra, uma delas é o passado de violência e opressão que envolve a mãe da menina.
“Lembro-me que em 2006 criei a personagem Jéssica, que começou a escrever um diário. Aos poucos, essa personagem se misturou com histórias presenciadas e vividas por várias mulheres – todas empregadas domésticas – que me relataram situações de humilhação, opressão e também superação. Jéssica e Jacira, são personagens ficcionais de uma história inspirada em um fato verídico. O Janelas Abertas é uma espécie de ‘verdade inventada’”, revela Lia d’Assis. Sobre o tema abordado na obra, a escritora é convicta em dizer que abordar o assunto não era condição inicial em fazer o livro, mas o tema acabou por se misturar com a história que era contada. “As mulheres sempre foram vitimas da violência velada dentro de casa. Escrever esse livro foi a forma que eu encontrei de conviver com histórias de violência que muitas mulheres compartilharam comigo. O silêncio de tantas mulheres agredidas é a sua condenação. Precisamos falar porque o que não é nomeado não existe. A naturalização da violência contra mulher está no cerne da sua continuidade. Quando eu naturalizo um comportamento então ele não é visto mais como criminoso, que merece ser combatido”, enfatiza Lia.
A narrativa proposta por Lia d’Assis entrelaça a história da mulher e da violência, elevando a voz de muitas meninas que analisam a condição de suas avós e mães e se recusam a continuar um ciclo vicioso de miséria, opressão e violência. Sem didatismo, a escritora coloca no próprio leitor a responsabilidade de construir suas opiniões e juízos de valor, favorecendo diferentes olhares. E sobretudo, provocando o leitor a refletir sobre os limites, tênues, entre opinião, preconceito, amor e violência.
“Tenho percebido que o público jovem hoje tem duas opções de leitura, o livro paradidático, que está muito atrelado às atividades escolares, e a literatura de fantasia, que geralmente é estrangeira. Hoje os conflitos em geral estão sendo apagados das narrativas, como se tivéssemos que superproteger nossos jovens de alguns fatos da vida.  A literatura precisa falar daquilo que nos move, daquilo que causa as inquietações. A literatura precisa abrir as janelas da perplexidade do leitor. Se eu leio um livro que não me chacoalha nem um pouquinho ou me traz alguma reflexão sobre a diversidade do mundo não faz sentido.  O Janelas Abertas mostra ao leitor essas diferentes visões com uma temática que raramente aparece nessa literatura juvenil que está disponível para os jovens hoje”, sintetiza a escritora.
O livro já pode ser adquirido nas principais livrarias do país, entre elas, na Gostinho de Leitura (no site da loja http://www.gostinhodeleitura.com.br/ ou no quiosque que fica no Zoo). O livro foi lançado exclusivamente no formato digital em setembro do ano passado.

Lançamento Janelas Abertas
Dia 08 de março, às 10h, no quiosque Gostinho de Leitura
Av. Brasil, 2525 – Zoo de Americana. EMT - Divulgação

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