A partir da obra do quadrinhista
piauiense Antonio Amaral, Matheus Moura
propõe a discussão sobre o ato criativo baseado na singularidade desse autor.
Para Matheus, “como criador de quadrinhos, Amaral é um vanguardista. Suas
histórias destoam em muito do que originalmente se espera de uma HQ. Não só de maneira
gráfica, mas textual também.
As imagens produzidas pelo autor são
extremamente complexas e de difícil conceitualização. Seus textos seguem linhas
gerais similares ao desenho e rompem com as expectativas dos leitores de
quadrinhos tradicionais.
“Algo latente no trabalho é a força
poética e hermética de expressão do artista, com influência do expressionismo e
do abstracionismo aliado a textos um tanto quanto dadaístas.”
O instigante trabalho de Amaral foge aos
padrões das HQ comerciais e mesmo da própria linguagem dos quadrinhos ao abrir
mão da narrativa. Matheus reforça que “a essência proposta por Amaral à trama é
obscura, a se realizar individualmente a partir das interpretações do leitor. O
sentido, portanto, é intrínseco a cada um, sendo aberto, dinâmico e não
linear.” Ou seja, cabe ao leitor complementar a mensagem com seu repertório
particular e daí dar sentido à narrativa, ou a sua ausência.
Esse processo criativo e fragmentário da
obra de Amaral é o objeto central do livro, que amplia a discussão a respeito
dos quadrinhos poético-filosóficos. Num sentido mais amplo, os quadrinhos de
Amaral dialogam com as chamadas tiras livres, que rompem com o discurso linear
do gênero.
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