Fábio Moon e Gabriel Bá desembarcaram na
França com a adaptação para quadrinhos de “O alienista“, inspirada em um
conto sobre a loucura de Machado de Assis, um dos grandes escritores da
literatura brasileira e do realismo latino-americano.
O maior desafio foi respeitar o que acho
que é a força do original, o engenho e a ironia no emprego das palavras, e
transportá-lo à história em quadrinhos acrescentando uma camada visual à
história”, explicou Moon à Agênca Efe. Ele é roteirista do romance gráfico
editado pela Urban Comics na França, o maior mercado da Europa.
Nesta edição o destino de Simón
Bacamarte, um obstinado cientista dedicado a decifrar as chaves da demência é
descrito em 70 páginas.
Em Itaguai, no interior do Rio de
Janeiro, Bacamarte funda a Casa Verde, onde interna os desequilibrados da
cidade para estudar as várias dimensões da loucura.
O metódico doutor causa uma onda de medo
e indignação ao começar a internar notáveis da cidade, a quem acusa de ter
perdido suas faculdades mentais.
A espiral gerada por Bacamarte cria uma
história em quadrinhos interessante tanto para “quem gosta de Machado e para
que só quer um bom história em quadrinhos e nunca tinha ouvido falar do
original”, resumiu Moon, de 38 anos e amante de autores como Moebius, Cyril
Pedrosa, Frederik Peeters, Gipi, Toppi, Emanasse e Hugo Pratt.
Moon escolheu o conto “O Alienista”,
escrito em 1882 por Machado de Assis (1839-1908), um clássico da literatura
brasileira e latino-americana, porque tenta trabalhar com histórias que tenham
“potencial para alcançar uma audiência mais ampla que só a brasileira”,
comentou.
E entregou os lápis a seu irmão gêmeo,
que desenhou um livro em preto e sépia.
“Na França a história em quadrinhos tem
muito boa recepção, boa leitura e boa discussão. Sinto que posso participar
disso se meu trabalho for lido ali”, explicou Moon, que considera que o
universo brasileiro da história em quadrinhos nos últimos anos está crescendo e
se diversificando.
“Durante muito tempo, os artistas
brasileiros queriam fazer histórias em quadrinhos bem para crianças, de
super-heróis ou ‘underground’. Agora há todo tipo de quadrinhos, de tamanhos,
extensões, estilos e vozes. É um grande momento para fazer quadrinhos no Brasil
embora a maioria dos artistas não possam viver só disso”, explicou.
Além disso, Moon acaba de terminar, junto
com seu irmão, o álbum “Dois Irmãos”, uma adaptação do escritor brasileiro
contemporâneo Milton Hatoum, que descreve como a história em quadrinhos “maior
e mais complexa” que enfrentou desde “Daytripper” (2010) e que será lançada no
país em março. Visto no Gazeta
do Povo. Fonte: http://zinebrasil.wordpress.com/.
EMT - Divulgação
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