domingo, 19 de julho de 2009

HISTÓRIAS DE UM QUADRINHISTA – PARTE II


HISTÓRIAS DE UM QUADRINHISTA – PARTE II

Por: Moacir Torres

...Com quatorze anos, já havia trabalhado como catador de ferro velho (Reciclado), sorveteiro, engraxate, ajudante de açougueiro, cobrador de ônibus, feirante e camelô. Nos intervalos desses trabalhos e dos estudos, eu ficava desenhando em papel pardo, usado na época para embrulhar pão, o dono da padaria do bairro sempre me dava folhas a mais, quando eu ia comprar o pão. Eu usava o gabinete da máquina de costura da minha querida mãe para fazer meus desenhos. Isso sem contar que quando ela estava costurando, eu tinha que usar a mesa da cozinha, que já estava meio velha e balançava muito, eu desenhava com uma mão e segurava a mesa com a outra, tinha que ser equilibrista. Alguns meses se passaram, e num certo dia, vendo meu programa favorito pela TV Cultura, chamado “História do Desenho Animado”, vi que estavam promovendo um concurso de desenho. Então não pensei duas vezes, fiz um desenho e enviei pelo correio, não me recordo o que fiz na época. Só sei que quando falaram o nome do vencedor no programa, eu não acreditei, tinha sido eu! Fiquei muito feliz, afinal era um concurso promovido por uma emissora de TV. Então chegou o dia de buscar o meu segundo prêmio, pois o primeiro eu havia ganhado quando estava na quarta série do antigo primário, fiz um desenho da fachada da minha escola e entre tantos fui o vencedor. Recebi uma medalha de “bronze” e uma barra de “chocolate”, vou ser sincero, na época eu só queria que as formalidades acabassem que era pra eu devorar a barra de chocolate. Voltando ao concurso da TV; recebi outra medalha, livros sobre desenho e um emprego de boy para trabalhar internamente na emissora, lá eles falavam Estafeta, pra mim estava tudo bem, boy ou estafeta, o importante é que eu ganhei um bom emprego aos 15 anos. Nessa ocasião, conheci o Professor Ismael dos Santos, que era o diretor de artes da época na emissora e ensinava desenho no programa. Trabalhei alguns meses de boy e depois de tanto eu torrar a paciência do mestre Ismael, ele me deu uma chance, comecei a trabalhar como auxiliar de desenhista no seu departamento de artes. Estava nas nuvens, pois era o que eu sempre sonhei viver do desenho... Durante os dois anos que eu trabalhei lá na TV Cultura, cheguei a conhecer vários artistas de novelas e teleteatro. Certo dia o Ismael levou um menino para conhecer o nosso setor, já naquela época o guri desenhava muito. Aquele menino chamado João Spacca, é hoje, um dos cartunistas mais respeitados do Brasil...

Um comentário:

Tony disse...

Há muita semelhança entre nossa vida naquela idadde. Lindo relato e parabéns!

Quanto ao programa da Cultura, estou tentando saber qual era o nome da música que abria o programa. Alguem tem alguma idéia?